O 25º SET Universitário foi aberto oficialmente na noite desta segunda-feira (17) com a presença de dois dos quatro integrantes de uma ousada série de documentários para a TV: o Não Conta Lá em Casa, do canal Multishow. André Fran e Leondre Campos mostraram à jovem plateia que uma boa ideia não precisa de grandes produções para ser viabilizada. Precisa de originalidade, criatividade e boas histórias para contar.
Ao dar as boas vindas, a diretora da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, Mágda Cunha, ressaltou o conteúdo de qualidade e o grande público, apesar da chuva intermitente dessa segunda-feira. Um dos fundadores do SET, o professor Carlos Gerbase, mediador da conversa, destacou os 25 anos do evento. Depois de serem apresentados, Fran e Campos demonstraram sua surpresa com o tamanho e a qualidade do SET e agradeceram pela hospitalidade de professores, comissão organizadora e alunos. “Em nenhum outro lugar fomos tão bem recebidos como aqui”, disse Campos.
Ser apresentador de TV nunca foi ambição para eles. “Podem ver que não tem nenhum galã aqui, tirando o professor Gerbase”, brincou Fran. Em conversa descontraída, o jornalista contou que os quatro estavam com a passagem comprada para a Indonésia surfar, quando a destruição de um tsunami mudou o objetivo da viagem. “Resolvemos ir àquele lugar inalcançável para dar voz àquelas pessoas”, relatou.
Por causa de documentário produzido na Indonésia, que mais tarde deu origem à série, um advogado, um jornalista e dois economistas deixaram seus planos passados para investir no projeto. “Desde o início, deixamos claro que éramos apenas quatro amigos com uma câmera na mão, sem equipe nenhuma”, aponta Campos. A originalidade estava em fazer um trabalho híbrido entre reportagem e um reality show de viagens.
Hoje, em sua quinta temporada, o Não Conta Lá em Casa atinge um público jovem do Multishow, um canal de entretenimento, mas poderia muito bem integrar a grade de programação de canais jornalísticos. No entanto, o formato que o programa é feito não permite grandes produções, incompatível com a proposta. “Somos turistas que filmam, não viajamos para fazer uma matéria jornalística”, esclarece Fran.
Depois de três anos viajando para destinos como Iraque, Irã e Afeganistão, boas histórias curiosas não faltam. “Sou muito grato ao programa pela experiência de vida que ele nos proporcionou”, disse Fran. Os documentaristas expõem seus preconceitos para desconstruí-los no programa.
Como mensagem a quem lhes assistia, Campos e Fran deixaram um incentivo. “Nunca foi tão fácil pensar fora da caixa”, acredita Campos, que hoje também é diretor do canal Off, da Globosat. O mercado de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo Fran, espera apenas por ideias originais.