Rodolfo Araújo abordou a confiança social em instituições (Foto: Júlia Brasil)
O auditório da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS recebeu, no dia 2 de maio, o jornalista Rodolfo Araújo para a palestra O Valor da Confiança e o Desafio do Comunicador. Apresentado pela professora Raquel Boechat, o evento fez parte do cronograma especial em comemoração aos 50 anos do curso de Relações Públicas (RP).
Formado pela PUCSP, Araújo atualmente trabalha na Edelman Significa, considerada a maior agência de Relações Públicas do mundo. Como líder das unidades de Estratégia e Atitude de Marca, bem como Inteligência e Insights, o palestrante abordou assuntos relacionados à confiança social em instituições – como Petrobras, Microsoft e entidades ligadas ao governo. O estudo responsável por medir o nível de confiabilidade é o Trust Barometer, desenvolvido a partir de 33 mil entrevistas realizadas em 28 países. O projeto, idealizado em 2001, é aplicado todo ano pela empresa.
De acordo com o jornalista, confiança é um indicador social que está relacionado ao que os indivíduos sentem – conforme cresce o sentimento de segurança, maior a atração pelas instituições. Ele afirma que a falta de contato dessas entidades com a população gera uma desconexão e uma ruptura, sendo um dos possíveis fatores do declínio de credibilidade nacional em tais organizações desde 2010. “Essas organizações não falam a língua dos cidadãos. O Brasil é um dos países que menos confia no governo, atrás apenas de Polônia e África do Sul”, afirma. Ainda nessa perspectiva, Araújo aponta que a área da comunicação tem como tarefa quebrar essas inseguranças e explica que as ferramentas de busca – mídias tradicionais, online e redes sociais – possuem, atualmente, o maior índice de confiabilidade.
O ministrante destaca que, a partir das pesquisas, foi possível constatar que a corrupção é o principal receio da sociedade em relação às instituições. Logo em seguida aparece a globalização, em razão de propiciar uma ampla integração política entre as nações, podendo ocasionar interferências dentro do país. “Os medos pioram o sistema, pois, como consequência, a confiança tende a diminuir. A partir disso, surgem pessoas que se intitulam porta-vozes de uma suposta minoria, a fim de confrontar tais aflições”, salienta.
Ao final do evento, Araújo exemplificou algumas atitudes que comprometem a confiança nas instituições. Ele explicou que a cobrança em excesso por produtos considerados essenciais na vida das pessoas, a redução de custos diminuindo empregos, piorando a qualidade dos produtos e limitando benefícios de funcionários são ações prejudiciais ao desenvolvimento e credibilidade das companhias. “É preciso falar com as pessoas e não para elas. Temos que participar bem mais dessas entidades, não se pode perder o poder de valorização”, finaliza.