Nos últimos anos, o conglomerado britânico WPP, empresa de publicidade e relações públicas multinacional, iniciou um plano de expansão no mercado brasileiro através da compra de agências de comunicação nacionais. Através de sua empresa Cohn & Wolfe, anunciou na tarde da última segunda-feira (18) a compra de participação majoritária da quarta maior empresa de Public Relations, o Grupo Máquina, que vai passar a se chamar Máquina Cohn & Wolfe. “A América Latina se tornou uma região muito importante para nossos clientes, e o Brasil é um mercado crítico para a Cohn & Wolfe”, declarou Donna Imperato, presidente-executiva (CEO) da empresa, em comunicado no dia do anúncio da compra.
Nos anos de 2014 e 2015, o grupo adquiriu outras duas empresas no país. O controle do Ibope Media foi comprado pela Kantar Media, responsável pela gestão da informação da WPP e, com isso, tornou-se líder em medição de audiência de televisão. Em setembro de 2015, foi comprada uma fatia majoritária da agência de RP Ideal. Com essa aquisição foi criado o Grupo Ideal, que reúne as agências Ideal H+K Strategies e a Ogilvy PR, para incorporar a ConceptPR, que pertencia à Ideal.
Segundo a professora de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, Ana Baseggio, existem aspectos que implicam na procura de agências de RP no Brasil. Entre eles, o mercado brasileiro cada dia mais promissor e as fronteiras que desaparecem trazendo as empresas e grandes marcas para o país.
A área de Public Relations está em crescimento no mercado mundial. A professora lembra que as marcas são avaliadas e julgadas por sujeitos de diferentes segmentos, como clientes, usuários e colaboradores. “As empresas que realmente querem destacar-se precisam conhecer seus públicos e atender suas necessidades e expectativas”. Para Ana, isto só é possível caso a empresa construa um relacionamento sólido e permanente. “O planejamento, a prevenção e a gestão de crises tem sido foco de atenção por parte das organizações no mundo todo”.
No Brasil, o Grupo WPP possui escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto, entre outras cidades. É considerada a maior empresa de Serviços de Comunicações de Marketing no Brasil. Segundo o site do Grupo, no país a receita está acima de $500 milhões de dólares. O que representa quase metade da sua receita na América Latina e aproximadamente 3% de sua receita total.
Em 2015, outro grupo de comunicação foi vendido. O ABC, do publicitário Nizan Guanaes, vendeu seus ativos para o americano Omnicom. Ao todo, são 15 empresas, então o único grupo de agências de comunicação de capital majoritariamente nacional. O ABC é a única companhia brasileira que está presente no ranking das 50 maiores holdings globais de comunicação, ocupando a 25ª posição.
O professor de Assessoria de Imprensa da Famecos, Almir Freitas, comenta que desde 2000 as empresas nacionais e internacionais estavam em busca de parcerias. “Com o tempo, elas acabaram se tornando aquisições”. Para Freitas, o mercado estrangeiro irá proporcionar vantagens para o país, trazendo conhecimento e práticas diferenciadas. Mesmo ocorrendo a perda da marca local, o professor acredita que isso pode ser um ponto positivo. “Estão se criando agências de comunicação”.
O motivo que despertou o interesse pela compra de negócios no país, segundo Freitas, foi o mercado criativo e atrativo. “Muitos profissionais daqui estão se destacando com seu trabalho”, diz. Mas nem todas as agências brasileiras fecharão parcerias ou serão compradas pelas internacionais, e isso acaba se tornando um desafio. O professor afirma que será necessário uma adaptação com o novo.