Longa-metragem laureado, Ainda Orangotangos foi o primeiro filme brasileiro a ser produzido em um único plano-sequência, sem cortes. Do diretor Gustavo Spolidoro e do roteirista Gibran Gipp, o filme foi baseado no livro homônimo do escritor gaúcho Paulo Scott. A obra, que retrata a excentricidade humana e cuja realização foi um desafio técnico, será exibida nesta terça-feira (15), na Arena da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, às 19h15.
Filmado nas ruas, no metrô, em ônibus e em edifícos de Porto Alegre, a produção feita em 2007 concretizou uma vontade particular de Spolidoro e supriu as expectativas quanto à forma como seria executado o longa-metragem. “A ideia era cumprir um desafio pessoal na realização de uma produção audiovisual. E se fosse algo fácil, não teria graça”, conta Gustavo a respeito da escolha de sintetizar a narrativa em uma única tomada. O conceito já havia sido explorado em outros dois curtas feitos pelo diretor, Velhinhas (1998) e Outros (2000).
Ainda Orangotangos revela sem qualquer moralismo a rusticidade e extravagância da sociedade. O filme acompanha uma série de episódios na vida de personagens, que cruzam suas trajetórias ao passar por lugares da capital gaúcha. No dia mais quente do verão, a história de um casal de imigrantes chineses se mescla a diversas situações-limite vividas por indivíduos que atravessam, aleatoriamente, a cena. De forma singular, o longa-metragem aborda circunstâncias que, de acordo com Spolidoro, “despertaram reações antagônicas no público”.
Spolidoro, que também é professor do curso de Produção Audiovisual na Famecos, prepara o lançamento de um novo trabalho, originado a partir de seu projeto de mestrado. Errante: Um Filme de Encontros foi filmado e, conforme o diretor, recebeu grande auxílio das reflexões acerca dos erros e acertos realizados em Ainda Orangotangos. “O filme reflete a dificuldade que o cinema atual encontra em relação à recepção do processo de criação”, comenta.