Coordenador do curso de Jornalismo, Fabián Chelkanoff mediou a conversa com o apresentador (Foto: Ágatha Pedotte/ Famecos/ PUCRS)
Na manhã desta terça-feira (3), o jornalista André Fran realizou a terceira edição do projeto Abre Aspas, numa parceria com a Student Travel Bureau (STB). Em uma conversa descontraída com os alunos da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), o apresentador do programa Não Conta Lá em Casa, do canal Multishow, contou aos estudantes as histórias retratadas em seu livro Não Conta Lá Em Casa – Uma viagem pelos destinos mais polêmicos do mundo. Além da palestra, fez também uma sessão de autógrafos da obra, lançada oficialmente durante o evento.
Fran abriu a conversa ao falar sobre o início do projeto Não Conta Lá em Casa. Segundo ele, tudo começou em 2004, quando foi à Indonésia para surfar com os amigos e acabou se deparando com o país devastado por um tsunami. Junto com Leondre Campos, Felipe Ufo e Bruno Pesca, decidiu fazer filmagens de toda a costa do país atingida pelo fenômeno. Com experiência em televisão, Fran editou mais de 70 horas de imagens e criou um documentário – Indo.doc – que ganhou grande repercussão ao ser transmitido pelo canal Sportv. “O objetivo não era estar na TV, mas fazer um projeto de vida”, contou o jornalista.
Com interesse por geopolítica, Fran e seu grupo de amigos conduz o plano adiante. Em busca de mostrar um olhar diferente sobre alguns lugares inóspitos, levam o projeto Não Conta Lá em Casa ao canal GNT. Sem saber da mudança de perfil do canal, são aconselhados a apresentarem o projeto ao Multishow, um canal mais alinhado editorialmente à ideia. “Mesmo sem nenhum contato dentro da emissora Globosat, sem saber formatar um projeto de TV, os diretores do canal adoraram nossa ideia de programa e nos pediram um piloto, para terem uma mostra do que queríamos colocar no ar”, disse Fran.
O apresentador do programa lembrou que o piloto serviu para mostrar no quanto o grupo acreditava naquele projeto. Sem recursos e “quebrando porquinho”, os quatro seguiram viagem para filmar a situação de Myanmar, um país de forte repressão ditatorial, onde monges eram reprimidos pelo exército e pela polícia por seus manifestos contra o governo. Dividido em quatro episódios, o piloto acabou dando certo e a emissora do canal abriu espaço para o inovador programa.
Fran ainda lembrou de outras viagens feitas para o programa, como para a Coreia do Norte, onde as filmagens foram feitas todas com uma Handcam devido a forte vigília dos guias de viagens. Também contou sobre a ida ao Iraque, para acompanhar a retirada das tropas americanas do país e presenciar se a democracia seria realmente instaurada no país. “Foram momentos de muita tensão. Alguns dias depois de sairmos do país, o hotel em que ficamos hospedados foi alvo de um atentado que matou 60 pessoas”, lembrou.
Sem utilizar grandes equipamentos para não chamar a atenção de seguranças, sem visto oficial, fugindo do hard news, em busca de um olhar diferenciado sobre os lugares mais polêmicos e perigosos do mundo, André Fran e seus companheiros de viagem seguem para a 6ª temporada de programa. “Cada vez mais, voltamos com as esperanças mais renovadas pelo ser humano”, concluiu.