Na noite sexta-feira (15), José Antônio Pinheiro Machado, 62 anos, concedeu entrevista coletiva aos alunos da disciplina de Online I, do curso de Jornalismo da Famecos. Reconhecido no Rio Grande do Sul por seu programa semanal de culinária na televisão, o jornalista, advogado e escritor começou sua trajetória profissional aos 17 anos, no extinto jornal Folha da Tarde, em Porto Alegre. Vestido elegantemente em um terno cinza com risca de giz, sapato marrom e uma indefectível gravata borboleta azul marinho com bolinhas vermelhas, Pinheiro Machado conversou durante uma hora com os alunos da disciplina de Jornalismo Online I.
Pinheiro Machado começou lembrando do início de sua trajetória no jornalismo. Recordou que na década de 60 a empresa Caldas Juniors era a referência de imprensa no Estado. Naqueles anos de ditadura militar, quando havia uma militância política forte, o cerco estava se fechando, especialmente após o Ato Institucional número 5 (AI-5), que suspendeu garantias de liberdades coletivas e individuais. Então repórter da Folha da Tarde, Pinheiro Machado foi chamado para uma conversa com Breno Caldas, o dono da empresa. Ouviu que os militares queriam a sua cabeça. Ou seja, ele deveria ser demitido. Ou seria preso. Caldas, no entanto, encontrou outro destino para o jornalista e o enviou como correspondente internacional do jornal na Europa. Viveu em Paris e Roma.
Depois do período na Europa, passou a escrever uma seção de gastronomia no também extinto jornal Gazeta Mercantil. Foi repórter em revistas como Placar, Quatro Rodas e Playboy, onde foi editor. Na década de 1990, comandou o programa RBS Entrevista por cinco anos. Depois. recebeu convite para fazer parte da programação de um novo canal da emissora afiliada da Globo, a TVCom. Há 17 anos, apresenta o programa Anonymus Gourmet. Pinheiro Machado dá uma dica para os futuros jornalistas: “Televisão é transparente. Você deve ser verdadeiro”.
Hoje, além de advogar no escritório herdado do pai e cozinhar na televisão, Pinheiro Machado é âncora do programa cultural Café TVCom. E ainda está escrevendo a biografia do seu tio-avô José Gomes Pinheiro Machado, assassinado em 1915.