Em uma palestra marcada pela volta à universidade em que graduou-se e para fazer a abertura do projeto Direto da Fonte, Solano Nascimento, pesquisador e professor do jornal-laboratório da Universidade de Brasília (UnB), discutiu com os alunos a situação a que diversos profissionais do jornalismo se sujeitam e chamou a atenção do quão melhor é fazer o jornalismo investigativo na sua essência. No bate-papo que aconteceu às 18 horas de terça-feira, dia 20 de abril, na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, Solano lançou seu livro Os Novos Escribas, da Arquipélago Editorial.
Com o intuito principal de esclarecer o que é o jornalismo sobre investigações e o que é o investigativo, Solano diferenciou aceitação e apropriação de dados oficiais, da reflexão e investigação feitas sobre estes. A respeito das possíveis reações dos jornalistas em atividade que fazem este tipo de matéria, e a fim de incentivar os estudantes presentes a cada vez mais se preocuparem com a qualidade do seu trabalho, disse: “com o lançamento do meu livro, os veteranos do jornalismo vão no máximo se sentir incomodados, por que para esses eu não estou contando nenhuma novidade. As pessoas se dão conta do processo. O que eu acho que posso para eles acrescentar é a questão de trazer alguns números para embasar – tudo bem, todo mundo sabe que isso está acontecendo, mas chegou a um nível meio absurdo. Agora, pros jovens jornalistas, os estudantes, os que estão entrando no mercado de trabalho, eu quero chamar a atenção para o fato de que as duas coisas são legais, mas isso aqui (jornalismo investigativo) é muito mais legal. Aqui está o nosso trabalho, é aqui que a gente pode fazer a diferença. Isso é muito mais nobre”, desabafa.
Solano Nascimento destacou ainda a necessidade política das investigações jornalísticas e a esperança de que o processo de transformação do jornalista em escriba se reverta. Sobre a volta à Famecos, Solano não deixou de falar da qualidade dos professores da casa – principalmente o professor Marques Leonam Borges da Cunha, que estava presente no evento – e o quanto eles o inspiraram na forma de dar aula e na construção da sua paixão pelo jornalismo.