A homossexualidade foi pauta do mais recente evento organizado pelo CAAP (Centro Acadêmico Alberto Pasqualini). Nesta terça-feira, 5 de outubro, na sala Arena da Famecos, ocorreu o Cine Debate contra a opressão. O filme escolhido para tematizar o bate-papo foi Milk, que conta a vida de Harvey Milk, primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público da Califórnia. O debate contou com o coordenador do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, Vitor Necchi, e o ativista da ONG Nuances, Célio Golin.
O debate girou em torno da abordagem feita pela mídia sobre a questão homossexual. Segundo Necchi, a mídia é preconceituosa, pois é um reflexo do tecido social onde foi fundada: “a comunicação que a sociedade tem é a cara dessa sociedade”, afirma. Foram frisadas, também por Necchi, as formas de representação dos indivíduos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo: “O cinema apresenta a homossexualidade de duas maneiras: ou humorísticamente, como caricaturas, ou doentiamente, como uma degeneração. Somente hoje em dia que os gays começaram a ser representados de forma menos agressiva”.
Outro problema levantado pelos debatedores foi que a sociedade está tendo uma postura mais flexível em relação aos gays, porém exige que eles respeitem um padrão estabelecido pelos heterossexuais, como afirma Celio Golin: “as pessoas, de maneira geral, têm tentado aceitar melhor as orientações sexuais diferentes. Porém, há ainda os heteros como ponto de referência de normalidade. Defendem apenas os gays ‘comportadinhos’ e condenam os que fogem dos padrões”.
Em relação aos mais recentes avanços na área LGBT, foi citada a aprovação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, deferida pelo Superior Tribunal de Justiça. Mas, apesar dos progressos inegáveis a favor do tema, há também o crescimento da homofobia: “temos avanços, mas temos as trevas bem do nosso lado”, afirma o coordenador do curso de jornalismo da Famecos.
Como fechamento do debate, foi questionado pela plateia a verdadeira função da Parada Livre, que ocorre anualmente, há 15 anos, em Porto Alegre. Golin é um dos organizadores do evento e pôde esclarecer as dúvidas dos estudantes: “se questiona a politização da parada por causa do apelo sexual. Isso é extremamente político. Os travestis devem mesmo ficar de peito de fora. O papel da parada gay é chocar. Quando não chocar mais, é sinal de aceitação, e a parada não terá mais sentido”.