Antes de atuar no SporTV, Mário Marcos de Souza trabalhou em Zero Hora por 28 anos (Foto: Joana Berwanger)
Observar, desconfiar e prender o leitor pela interpretação e opinião. Para Mário Marcos de Souza, comentarista do SporTV, estas são as funções que um jornalista deve desenvolver hoje. Souza conversou nesta terça-feira (23) com alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, na disciplina de Jornalismo de Opinião, ministrada pelo professor Juan Domingues.
Durante a conversa, ele explicou como pensa que um jornalista deve lidar com a informação na época da tecnologia. “Tudo é informação, desde o momento que acordamos até irmos dormir”. Segundo ele, o que diferencia o jornalista é a sua capacidade de saber organizar o que é real e o que é fantasia. Alguém precisa elaborar a informação, e esta é a função dos profissionais da comunicação. “O jornalista é treinado para saber o que é importante e o que não é”.
Uma marca crucial do jornalista sempre foi a credibilidade. Para Souza, isso é potencializado nos dias de hoje, com a força de propagação de informações pelas redes sociais. O comentarista lembrou do filme de Jorge Furtado, O Mercado de Notícias, para explicar a situação: “Mesmo com dificuldades e com mudanças tecnológicas, o jornalista sempre vai ser indispensável.”
Souza defende a ideia de que a saída para os jornais impressos é a opinião e a interpretação. Para ele, uma transposição do conteúdo para um jornal impresso não funciona, pois o material é baseado nas notícias do dia anterior. Isso justifica o aumento no número de colunistas nos jornais. O texto que interpreta e opina é a alternativa que o leitor tem para ir além do que já foi dito no dia anterior na internet. “O objetivo é prender o leitor pela interpretação”.
Editor de ZH por 28 anos e atualmente comentarista do canal SporTV, ele afirma que o jornalista deve dar sua opinião sob todos os riscos. O comentário exige agilidade com as palavras e, na hora, não é possível pensar na reação do torcedor. Trabalhar neste ramo envolve tomar decisões rapidamente. “Ao vivo é complicado. Tento me desligar do mundo”, revela.