A capacidade de adaptação do jornalismo frente às novas possibilidades tecnológicas, culturais e econômicas do mundo contemporâneo é algo visível. Conforme levantamento divulgado pela Revista Forbes, feito pelo escritor e consultor de desempenho empresarial Bernanrd Marr, o volume de dados criado na internet nos últimos dois anos é maior do que a quantidade produzida em toda a história da humanidade. Mas o que isso significa? Atualmente, os profissionais da imprensa buscam de forma constante novas perspectivas para realizar a atividade jornalística. Entretanto, mantêm a essência da profissão, de uma forma que preze pela veracidade das informações, assim como pelas diretrizes éticas e pelo debate público.
Fernanda Cristine Vasconcellos, professora da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, falou na última quarta-feira (29) sobre como esse comunicador pode se reinventar no jornalismo atual, durante encontro realizado pelo Grupo Digital do RS e que teve também como convidados os jornalistas Paulo Germano, colunista de Zero Hora, e Barbara Nickel, doutoranda em Comunicação pela UFRGS. FêCris explicou a importância de divulgar conteúdos úteis e não genéricos para o público, além de lidar com ele de maneira singular. “É importante entender sobre o que queremos falar e para quem”, pontua, a respeito da linguagem utilizada nos veículos jornalísticos tradicionais.
A respeito do processo de mensuração em redes sociais, a professora ressalta a necessidade de compreender a complexidade do assunto: “Fazer propaganda utilizando a visibilidade de um veículo baseado no número de likes e compartilhamentos que ele tem não basta. É preciso desvenda-lo, entender o significado dos dados – tanto positivos quanto negativos – e utilizá-los para o bem do público, e não da empresa”. Quando o assunto é o boom do empreendedorismo, FêCris comenta sobre os diferentes horizontes que a profissão permite alcançar. Descontraída, ela ressalta o leque de possibilidades do jornalismo no universo digital, o que permite ao profissional trabalhar em diversas frentes. “Vocês precisam enxergar que existe vida fora das redações tradicionais e dos lugares que antes eram a única opção”, alerta.
Aos olhos do professor da disciplina de Fotojornalismo da Famecos Eduardo Seidl, é preciso se perguntar: o que é ser relevante no jornalismo? O docente comenta que, para uns, ser relevante é ser importante socialmente ou útil para o interesse público, enquanto para outros é ser lembrado ou ainda atingir metas de venda. No seu ponto de vista, é importante não se tornar refém do imediatismo digital – o que chama de “ter mais e em primeiro lugar” – , decorrente da velocidade capitalista que as notícias são divulgadas. “O maior erro é consumir informação sem enxergar o todo. Com a busca pelo primeiro clique, ser justo no que se diz, realizar uma apuração coerente, além de se ater aos detalhes fica em segundo plano”, critica. Sobre o aspecto da fotografia, Seidl pontua a importância de capturar imagens com os mesmos cuidados, respeitando as pessoas, e fugir ao máximo do “jornalismo descartável e efêmero”.