Em mais de 30 anos de profissão, Claudio Thomas nunca sentiu tanto retorno do público como atualmente. Há um ano e meio editor-chefe do Diário Gaúcho (DG), Thomas vê nessa proximidade uma das grandes diferenças de trabalhar em um jornal em que a pauta nasce exclusivamente da necessidade dos leitores. “As pessoas são apaixonadas pelo jornal”, afirmou o editor na quarta-feira, 9, em visita aos alunos da disciplina de Redação e Produção em Jornal da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Thomas veio à Famecos para explicar aos estudantes como funciona um jornal popular, aproveitando para combater o que ainda é um entrave no segmento: o preconceito. “O DG é um jornal popular, não popularesco. Sensacional, jamais sensacionalista”, esclarece.
No tradicional Diário Catarinense, Thomas ocupou o cargo de editor-chefe por 12 anos. Ao voltar a Porto Alegre em 2009, enfrentou o desafio de lidar com um público diferenciado, que exigia que ele modificasse seu olhar e a forma de fazer jornalismo. “Quando vou para a redação, eu entro em um mundo que não é o meu. Eu não tenho o mesmo gosto musical do leitor, mas tenho que conhecer o que ele está ouvindo”, explica.
Thomas não traça um perfil específico para o repórter de jornal popular. “Jornalista do DG tem é que ser bom, ir para a rua. Tem que saber que a reportagem está lá, não na redação”, avisa. Ou seja, as pessoas estão nas ruas, e são elas o foco do jornal. Não é à toa que o primeiro dos dez mandamentos do DG afirma: o personagem é sempre o mais importante.
Outro dos mandamentos é ser preciso na informação. A apuração é essencial, porque a responsabilidade é muito grande. “Se há uma informação errada, o mundo cai”, conta. Por isso, Thomas deixa um alerta aos estudantes: “A faculdade é o lugar para experimentar. No mercado, não dá pra errar”.
A partir do papo, os alunos do sexto semestre de jornalismo começam a trabalhar em mais uma edição do Expresso Popular, jornal que sai no final do semestre como resultado da cadeira.