Um encarte especial que conta a história dos 83 anos do Viaduto Otávio Rocha, mais conhecido como Viaduto da Borges, com textos e fotos de que fez e faz o dia-a-dia do local. Tudo começou no início no segundo semestre de 2015, quando um grupo de alunos se propôs a retratar o espaço que se tornou um símbolo de Porto Alegre e é composto por diversos personagens, como os membros da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (ARCCOV) e os moradores de rua.
A proposta inédita de formar o caderno especial A vida que passa surgiu conforme os materiais iam sendo coletados. No início, as fotos contemplavam a contracapa do jornal, mas ao longo do processo a ideia tomou maiores proporções. Alexandre Kupac, Vicente Carcuchinski, Camila Neto e Carolina Lewis, integrantes do grupo, sugeriram então que a reportagem tivesse quatro páginas. Depois do pedido ser aceito, os coordenadores da disciplina os uniram novamente para informar que o número da seção havia sido ampliado para oito.
Kupac conta que a ideia foi despertada pela vontade dele e de Carcuchinski em tentarem explorar mais a fotografia na linguagem do jornal popular, sem deixar de agregar algo nesse vocabulário. Para Kupac, o monumento é “um local tradicional, até meio batido visualmente, mas que tem muita coisa interessante escondida do grande público, ou dos meios em geral”.
O estudante observa que começaram a pensar no número de pessoas que passa por ali e em quantas imagens interessantes circulam no centro da cidade, onde a grande massa da população se desloca todos os dias. “Decidimos que entrar visualmente nos espaços comerciais que tem embaixo da escadaria seria um bom início. Começamos, assim, a nos surpreender com a vivacidade do ambiente dali e a quantidade de elementos que poderíamos explorar para contar a vida que o Viaduto abriga”, ressalta. Ao finalizar, acrescenta que a oportunidade foi interessante e que contar com a supervisão e dicas dos professores fez a diferença.
Camila, responsável pela parte textual junto com Carolina, salienta a importância de ir para rua. “Me senti jornalista ao falar sobre as pessoas que se tornam invisíveis no nosso dia a dia. Fiquei feliz com o que eu estava fazendo. Dar voz para alguém que todo mundo prefere não escutar ou fingir que não está ali é fantástico”, constata. Ela lembra a importância do apoio por parte dos professores que acreditaram sempre no potencial da equipe. Conclui dizendo que falar do jornalismo popular está diretamente ligado com a procura por pessoas que precisam, de fato, daquele lugar.
O Expresso Popular é um periódico elaborado na disciplina de Produção de Jornal e tem como coordenadores os professores da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, Fábian Chelkanoff, Elson Sempé e Ivone Cassol. Segue a linha editorial popular e exige que os alunos vivam o cotidiano de um jornalista. Os estudantes se dividem em grupos e pensam em pautas possíveis para trabalhar ao longo de um semestre. Elaborar textos, tirar fotos, editar e diagramar são tarefas propostas pelos docentes que auxiliam na realização do projeto.
A professora Ivone fala sobre o crescimento desse tipo de jornalismo nos últimos 10 anos e que o tema escolhido foi uma boa escolha do grupo. “As pessoas não prestam atenção na beleza arquitetônica do Viaduto”, expõe. Para Chelkanoff, o que chama a atenção é o empenho absoluto dos estudantes. “Os alunos entram em sala dispostos realmente a trabalhar. Ver um resultado como esse é uma alegria”, enfatiza. Além disso, o professor acredita que o jornalismo popular é uma forma fundamental para a sociedade se movimentar, pois agrupa diversas classes sociais. “Ele nunca abandonou seu público”, complementa.