As pessoas se olham e não se falam. A frase escrita com spray em uma parada de ônibus em Porto Alegre representa, em certa medida, a estranha relação social que vivemos hoje. A sentença pichada com letras tortas inspirou os alunos que integram o projeto LER (Local Experience Report), cujo princípio é produzir narrativas online, combinando textos que integrem o universo do jornalismo literário com as ferramentas que o ambiente online oferece. A partir do tema central, estudantes foram a campo buscar personagens reais e anônimos, fontes que fossem capazes de representar a subjetividade do que venha a ser olhar para alguém e não enxergar. Olhar para alguém e não dizer nada. A renúncia à fala ou ao olhar, no entanto, pode não ser uma escolha. Pode ser uma condição. Um desafio.
O leitor não vai encontrar no LER textos padronizados, com tamanhos iguais nem com tratamentos idênticos. No LER, quem define esses parâmetros não somos nós, são os personagens das reportagens. Não que eles tenham alguma interferência na produção de textos, nos pontos de vista das matérias ou na edição. Não é isso. É que cada entrevistado tem sua própria história. E as histórias são diferentes umas das outras. As histórias são únicas.
Escrevemos não apenas o que as fontes nos dizem. Também escrevemos o que elas não dizem. Captamos o gesto, o olhar, o silêncio. Escrevemos o que observamos. O que percebemos ao redor. Pretendemos fazer reportagens que tratem de pessoas. São as pessoas que nos interessam.
Esperamos que você goste de LER.