“O mundo não é preto e branco”. Com esta frase André Fran sintetizou o programa de televisão Não Conta lá em Casa, idealizado por ele e seu companheiro de viagem, Felipe Ufo. Os dois conversaram com os alunos da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS nessa quinta-feira (21), no teatro do prédio 40.
O projeto, há oito temporadas no ar, surgiu de uma viagem de surfe que se transformou em um documentário. A ideia foi apresentada para várias emissoras, e quem mais se identificou foi o Multishow, pelas reformulações e pela adequação do canal ao público jovem. Os amigos acreditavam que este público queria ter acesso à cultura, à história e ao hard news de uma maneira nova. “Um dos grandes trunfos é que conseguimos passar aquelas causas e assuntos das notícias de um jeito leve, moderno e interessante”, afirmou Fran.
Para eles, o programa não tem um gênero definido, é um formato totalmente novo. Pode ser enquadrado em diversas categorias, porque conta com elementos misturados. Através desse modelo inovador, conseguiram retratar as notícias da mídia tradicional de forma mais aprofundada, chamando a atenção do telespectador para elementos não vistos normalmente.
Uma das características que torna os episódios naturais é o comportamento das pessoas locais com os três amigos durante as jornadas. Eles não são encarados como jornalistas, mas sim turistas buscando uma imersão no lugar e um contato direto com o povo. Procuram abordar várias causas. Durante a Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, por exemplo, visitaram a Somália, país pouco explorado pela mídia.
Os fatores determinantes para a escolha dos destinos são a situação geopolítica e os problemas ambientais, além do interesse pessoal dos apresentadores. Entre as sete temporadas já realizadas, os dois companheiros perderam as contas do número de países visitados. Na lista, estão Irã, Cuba, Japão, Myanmar, Iraque, Coréia do Norte, Afeganistão.
Para Felipe Ufo, o melhor resultado que o Não Conta Lá em Casa pode oferecer aos telespectadores é o ensinamento da história e do momento geopolítico dos locais. “O melhor elogio que podemos receber é que as pessoas aprenderam, de um modo leve, diversas coisas que nem poderiam imaginar vindas de lugares inusitados”, concluiu.