Exposição está aberta ao público até o final do mês, na Esplanada da Assembleia Legislativa (Foto: Alex Rocha)
Retratos de mulheres gaúchas pelas lentes de mulheres gaúchas. Esse é o tema da exposição Elas por Elas, projeto desenvolvido pela Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A proposta faz parte do cronograma de atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março. O evento de lançamento ocorreu no dia 15 de março, às 17h30min na Esplanada da Assembleia, e abordou aspectos da igualdade de gênero, como a mulher no mercado de trabalho, além das campanhas que incentivam a denúncia dos casos de violência doméstica.
Carol Ferraz e Camila Hermes, ex-alunas de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, estão entre as convidadas a participar. Carol, formada no primeiro semestre de 2016, foi responsável por retratar dois âmbitos de representatividade da mulher negra na arte regional: a cantora transsexual Valéria Houston e a percussionista Brenda Santos, que aos 20 anos já coordena a bateria da Bambas da Orgia – escola de samba mais antiga da capital gaúcha. “Estou feliz por poder chamar estas grandes fotógrafas de colegas”, explica Carol. Já Camila, graduada em 2012, escolheu registrar mulheres do fotojornalismo. Foram modelos a estudante de jornalismo Luiza Dorneles e a fotógrafa Adriana Franciosi, que atua há 25 anos na profissão, possui diversos prêmios e também faz parte do projeto. Camila se diz feliz por estar ao lado de outras talentosas da fotografia e ter a oportunidade de retratar duas mulheres incríveis. “Quero através desses retratos, de alguma maneira, nos representar e nos inserir em local de grande visibilidade”, afirma.
Quando questionadas sobre a mulher no mercado do fotojornalismo, as famequianas relatam o baixo número de público feminino dentro da área. “Infelizmente esse é um mercado muito restrito, formado em sua maioria por homens. Basta olhar para as principais redações do país e comparar homens e mulheres que ocupam os cargos na fotografia. A diferença é enorme”, lamenta Camila. Apesar disso, ela diz perceber um crescente movimento das mulheres que buscam, com muita luta e talento, se posicionar profissionalmente nesses espaços. Carol explica que o diferencial do projeto é chamar a atenção para uma questão contraditória. Mesmo que o mercado do fotojornalismo não seja tão receptivo para as mulheres, é um espaço composto por elas há muitos anos. “Se hoje lidamos com violências mais subjetivas ao mero fato de estarmos trabalhando, já foi muito mais agressivo quando existia um estranhamento ao ver uma mulher como fotógrafa, especialmente em pautas mais arriscadas”. Ela complementa dizendo ser uma questão social que está em pauta. “Existir a mostra Elas por Elas é justamente dar visibilidade para este tipo de debate. Nós existimos e seguiremos trabalhando e demarcando nosso espaço no fotojornalismo”, finaliza.
A mostra foi inaugurada na última quarta-feira, 15 de março, e permanece aberta ao público até o final do mês.
Ensinamentos adquiridos dentro da Famecos