The New York Times”, “The Guardian” e “BBC” começam a publicar diretamente no Facebook. Foto: Joana Berwanger/Famecos/PUCRS
Ler a notícia no Facebook sem precisar acessar o site, fotos em alta resolução com comentários em áudio e até dez vezes mais velocidade no carregamento de artigos e reportagens no celular. Estas são as características do novo modo de ler notícia que a gigante da rede social propõe para os cerca de 1,4 bilhão de usuários. Nomeado de Instant Articles, nove veículos de comunicação do mundo já aderiram: The New York Times, National Geographic, BuzzFeed, NBC, The Atlantic, The Guardian, BBC News, Spiegel e Bild. A principal preocupação é que a publicidade migre dos sites para o Facebook.
A parceria estabelece que o veículo possa vender os anúncios dentro de suas matérias, recebendo 100% do valor. Se optar que a rede social negocie o espaço publicitário, 30% são retidos pelo Facebook. A grande vantagem do Instant Articles é a velocidade para acessar a matéria, sem a necessidade de clicar em um link. Porém, isso também é a questão polêmica da novidade. “São dois lados: para o Facebook é ótimo, já para os sites de notícias, não sei”, analisa o professor da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS e coordenador do Laboratório de pesquisa em mobilidade e convergência midiática (Ubilab), Eduardo Pellanda.
A publicidade personalizada é a proposta da rede social. Através das bases de dados do próprio Facebook, o anúncio é direcionado às preferências dos leitores e usuários. Segundo o coordenador do Ubilab, o grande caminho da publicidade digital é a personalização. “Um anúncio de um carro de luxo no jornal não será tão eficaz, porque a sua abrangência é mais geral. E esse produto atinge a um público mais específico, por exemplo”, explica.
A ideia de ter interfaces diferentes para as notícias é classificada como interessante por Pellanda. As redes sociais, segundo ele, não têm sido a melhor fonte de informação propriamente dita. “Esse casamento entre redes sociais e notícias não está bem resolvido ainda, isso (o Instant Articles) pode ser um caminho”, acredita. O professor destaca que a verdadeira intenção é resgatar aquelas pessoas que perderam o hábito de leitura ou não liam informações desses portais, classificadas como estratégicas por Pellanda. O rejuvenescimento da faixa etária dos usuários, através da novidade do Facebook, também é importante para a salvação dos meios impressos.
Pellanda critica os veículos de comunicação que não colocam a informação na manchete, forçando o usuário a clicar e acessar o site. “É contra a web. É uma discussão antiga que ainda não foi superada. Tem que focar e trabalhar na questão da pertinência e da relevância do conteúdo. O resto é artifício, detalhe”, propõe.
Segundo o presidente de produtos do Facebook, Chris Cox, no texto de apresentação, a ferramenta permite que os editores entreguem uma experiência melhor para os seus leitores. “O Instant Articles permite que eles entreguem o conteúdo rapidamente, com artigos interativos e mantendo o controle do seu conteúdo e do modelo de negócios”, ressalta Cox. A primeira matéria publicada foi do National Geographic. Ela está disponível apenas para detentores do sistema operacional IOS, em breve para Android.