Como a maioria dos estudantes, logo que saiu do colégio, Flávia prestou vestibular. Não passou. Na segunda tentativa, conseguiu. Bixo Medicina UFRGS. Medicina? A jornalista cursou quatro semestres no concorrido curso e desistiu da profissão. Isso aconteceu depois de ser voluntária em uma das disciplinas e descobrir que seus exames médicos indicavam alterações. Foi quando ela percebeu que não estava feliz com a escolha na área da saúde. A partir dali, decidiu mudar para o jornalismo e nunca mais largou. Durante o curso, descobriu uma das maiores paixões que transformou a ex-futura-médica em uma fotojornalista de “mão cheia”.
Ainda dando os passos iniciais da carreira, Flávia comprou a primeira câmera fotográfica em 1996. Entre idas e vindas, morou nos Estados Unidos e, de lá, mandou seu primeiro trabalho fotográfico para a redação de Zero Hora, em Porto Alegre – a contracapa do caderno Turismo, além de fotos para o caderno Vida. “Queria ser repórter fotográfica para contar histórias com imagens”, disse ela. “Eu sou de uma geração que a foto era muito importante”. Além da formação como jornalista, ela é Mestre em História da Arte e, atualmente, cursa Bacharelado em Artes.
Desde que começou a dar aulas na Famecos, em 2011, Flávia começa os semestres mostrando a foto que a fez querer ser fotógrafa – a jovem Kim Phuc, sobrevivente da guerra do Vietnam, correndo em uma estrada logo após a explosão da bomba nuclear. Ela defende que a maioria das pessoas não lembra de uma grande manchete, mas sim de uma foto, de uma imagem marcante. “A fotografia tem o poder de determinar o ponto de vista de uma cultura inteira”, garante ela. Como ensinamento para seus alunos, a professora sempre diz que o fotógrafo “compartilha coisas que são importantes e conta histórias que está testemunhando”.