É com um fusca azul e um espírito de aventura que Nauro Júnior explora o continente americano e registra sua jornada através da fotografia. O nome desse projeto é “Expedição Fuscamércia” e ainda não rendeu retorno financeiro para seu executor, mas proporcionou a ele muitas histórias para contar. Na noite de segunda-feira (25), o fotógrafo compartilhou suas memórias em uma palestra do primeiro dia da Semana da Fotografia da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS. O bate-papo teve participação de alunos e durou cerca de duas horas.
“Todos têm uma memória afetiva de um fusca”, observa Nauro Júnior, contando que foi o primeiro carro de seu pai, sendo assim sua lembrança mais antiga. O veículo reapareceu em sua trajetória anos depois, quando por necessidade trocou um laptop pelo automóvel na cor azul, que foi apelidado de Filó. Em 2014, na época da Copa do Mundo, resolveu que queria ir ao Uruguai fotografar, porém as condições do carro não permitiram. Comprou um segundo fusca azul, que nomeou de “Segundinho”. Juntamente com um companheiro de trabalho na Zero Hora, que na época tinha 17 anos, rumou ao país vizinho e realizou a primeira edição da expedição.
Desde lá algumas viagens já ocorreram. Foi do oceano Atlântico ao Pacífico e de Pelotas até Punta Arenas, no Chile, realizando o sonho de chegar à Antártida. A próxima aventura do fotógrafo e do com o “Segundinho”será na Rússia, em 2018. “O fusca transmite simplicidade, que é o que quero passar para as pessoas”, comenta o viajante, quando fala da reação que o carro gera nas estradas. O projeto também atrai atenção nas redes sociais, motivando os internautas oferecem até estadia para os viajantes.
A fotografia entrou por acaso na vida de Júnior e nunca mais saiu. Trabalhou anos durante sua adolescência no setor calçadista e, quando ficou desempregado, conseguiu um trabalho em um estúdio de fotos 3×4, que pertencia a um amigo. Depois atuou em um jornal em que era responsável de colocar tinta em máquinas de impressão. Durante esse período formou na faculdade de Artes Visuais e passou a trabalhar novamente fotografando para imprensa. “O maior amor que encontrei na minha vida foi a fotografia, quando tinha 19 anos”, conta. Ele trabalhou em vários jornais, até se tornar correspondente da Zero Hora em Pelotas por 18 anos. Inicialmente, permaneceria durante 6 meses, mas se apaixonou pela cidade e continua morando lá. O fotógrafo também virou escritor. É autor de três livros de jornalismo literário, um de poesias e de uma coletânea com fotos de Pelotas.
A exposição sobre a expedição Fuscamérica está em exibição no saguão da Famecos. Também é possível acompanhar suas viagens através da página no Facebook.