O professor da Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3 Guy Lochard esteve na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, a convite do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM). Nesta terça-feira (26), ele ministrou a aula inaugural e palestrou sobre a semântica dos dispositivos em eventos esportivos, com foco prioritário nas transmissões televisivas.
Na semana passada, Lochard deu aulas na Pós-Graduação e visitou as instalações da PUCRS. “Vocês podem não perceber, mas tem uma bela estrutura na universidade”, observou o professor, que visitou o Rio Grande do Sul pela primeira vez. No auditório do prédio 7, ele foi recebido para aula inaugural pelos professores Carlos Gerbase e Claudia Moura. A tradução foi feita pelo aluno da Famecos Jean-baptiste Houriez.
Para o professor, uma das maiores diferenças entre a mídia brasileira e a francesa é que na França a dramatização da notícia é quase inadimíssivel. A emoção e a opinião, que muitas vezes transparece nas coberturas – especialmente nas esportivas –, não são tão comuns naquele país. Na palestra, Lochard falou sobre sua especialidade, a semântica dos dispositivos. Para ele, o dispositivo é definido pelos semas: impessoalidade, intencionalidade estratégica, energia e incerteza. “Há cinco anos venho fazendo um estudo sobre a midiatização do esporte. Tema que tomou lugar nas pesquisas científicas e acadêmicas nos últimos tempos”, disse.
Lochard acredita que, cada vez mais, o esporte utiliza o que chama de “mise en scène” midiático e se apropria de elementos do cinema, como a câmera lenta e o replay, para torná-lo mais interessante. ‘‘Os ‘atores esportivos’ descobriram o interesse que a mise en scène pode atrair. O esporte é, também, espetáculo.’’ O professor teoriza, utilizando termos do teatro, sobre a espetacularização do esporte para aumentar a audiência. Ele chama os atletas de atores e celebridades. As estrelas do esporte, no entanto, não estão apenas entre atletas, mas também nas arquibancadas. Por meio de sua pesquisa, Lochard percebeu que o público tem vontade de ser visto – e de se ver – nos telões dos estádios, uma necessidade que o professor francês chama de “autoscopia”.