Ocorreu, no teatro do prédio 40, às 20h mais uma palestra do 24º SET Universitário. O auditório lotou e serviu como palco para os jornalistas Geneton Moraes Neto e Luiz Cláudio da Cunha darem uma aula de experiências. A partir do tema: “O papel do repórter no jornalismo sem papel”, os palestrantes discutiram sobre a essência da profissão e deram dicas para os futuros profissionais.
Luiz Cláudio Cunha abriu a palestra questionando a postura partidarizada da imprensa brasileira. Segundo ele, os jornalistas não devem ter posição política: “não estamos à serviço do partido, e sim à favor da essência da informação”, garante. Além disso, ressaltou que o jornalista é reconhecido a partir de suas perguntas, como dizia Voltaire, filósofo francês, que acreditava que os homens devem ser julgados muito mais pelos seus questionamentos do que pelas suas respostas.
Geneton, que segundo Luiz Cláudio Cunha é um dos maiores perguntadores do jornalismo brasileiro, focou sua palestra justamente na importância da pergunta. O jornalista mostrou-se irritado com o tom amistoso com que os repórteres costumam entrevistar as pessoas, principalmente celebridades: “cutucar o entrevistado é muito melhor do que inflar o ego dele”, afirma. Além disso, mostrou aos espectadores vídeos de entrevistas suas, como com o escritor Ledo Ivo e com o general Newton Cruz.
O público, ansioso e contente pela oportunidade de conversar com dois ícones do jornalismo nacional, fez muitas perguntas. A maioria delas relacionadas à tecnologia, campo o qual Luiz Cláudio se mostrou bastante desfavorável. “A máquina, ao invés de nos dar tempo, nos tirou. O repórter está sendo esmagado pela tecnologia”, desabafa. Segundo ele, “o jornalista hoje é preguiçoso, sequer sai da cadeira. Faltam as conversas olho no olho, a emoção da rua. Falta a coragem de sujar as botas”, conclui.