Oficina de Direção e Prática de Televisão, ministrada por Carlos Kober, diretor de especiais da Rede Globo (Foto: Bruno Todeschini)
O diretor de especiais da Rede Globo, Carlos Alberto de Vargas Kober, 49 anos, é o ministrante da oficina de Direção e Prática em televisão, que termina nesta quarta-feira, 30 de setembro. Formado em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda pela Famecos, Kober critica a falta de liberdade dos canais em reinventarem-se. Na 22ª edição do SET Universitário, seu principal objetivo é ensinar aos alunos a criar novos programas e, sobretudo, alternativas culturais para a TV.
Carlos Kober foi o responsável pela direção do Domingão do Faustão durante oito anos. Nesse período, pôs em prática todo o conhecimento que aprendeu sobre a relação entre público e conteúdo no tempo em que estudou na Famecos. “Essa questão é muito relevante. É necessário se perguntar para quem se está transmitindo aquela informação. O programa do Faustão, por exemplo, foi feito para as classes C, D e E, cujas famílias não possuem condições financeiras para sair de casa nos finais de semana”.
A ausência de liberdade e de permissividade é o que mais preocupa o diretor de especiais da Globo e seu companheiro, Jorge Hugo Souza Gomes, que o auxilia na realização da oficina. Kober analisa que a predisposição que existia para criar novos programas com conteúdos diferentes cedeu espaço para o moroso e pragmático estilo que tende a reproduzir programas televisivos bem-sucedidos fora do Brasil. Kober e Jorge Hugo se valem do RBS Revista, um quadro pioneiro desenvolvido por eles que, anos mais tarde, inspiraria o Vídeo Show, como fundamento para seus argumentos. Hoje, no entanto, o diretor afirma que “o Brasil importa muita arte e exporta pouca”. Ambos admiram a forma com a qual Regina Casé desenvolve suas matérias. Ela trabalha para uma produtora independente, a Pindorama, que vende suas produções ao Fantástico.
Outro alvo das críticas de Carlos Kober e Jorge Hugo é o deficitário ambiente cultural gaúcho que, apesar de ser uma região que origina bons produtos e possui um grande público consumidor, não recebe um investimento adequado por parte dos patrocinadores. Jorge Hugo ainda vê uma esperança de renovação cultural a partir das produções teatrais que, segundo ele, infringem esses padrões introduzidos pela indústria cultural.
Carlos Kober foi um dos criadores do SET Universitário, em 1988, ainda quando fazia parte do corpo docente da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Antes de partir para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Rede Globo, trabalhou como diretor artístico do Jornal do Almoço, na RBS TV, e diretor-geral da TV Cultura, em São Paulo. A oficina do diretor reúne 30 alunos dispostos a trabalhar na TV. No último SET, Kober fez a palestra de encerramento.