A palestra de encerramento do 2º Encontro de Ubiquidade Tecnológica foi ministrada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli. O evento ocorreu na terça-feira (20), no auditório da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS. A mediação foi realizada pelo coordenador do Programa de Pós-Graduação da Famecos, Juremir Machado da Silva, e a tradução foi feita pela doutoranda Roberta Barros.
Com uma frase, Juremir apresentou o convidado. “Maffesoli sempre surpreende com seu olhar particular sobre os fenômenos”. O sociólogo francês começou seu discurso comentando sobre a universidade e a exigência teórica. “Essa é a verdadeira vocação universitária. A vontade, o libido de aprender”, observou. Ao longo da palestra, Maffesoli falou sobre alguns de seus estudos e análises.
Ao comentar sobre a exigência do pensamento, Maffesoli faz uma oposição entre a infraestrutura mental moderna, de Freud, e o que ele chama de Egoidade, que fundamenta teorias da modernidade e da visão unilateral do mundo. “Falo no uniracional, a ênfase no racionalismo que marcou a modernidade desde o século XVII e chegou à concepção completamente abstrata da sociedade”, explicou.
Segundo o sociólogo, quatro conceitos caracterizam a genealogia do pensamento abstrato: a elaboração do logos de Eraclito, que chega na epistamia de Platão, que se torna a doutrina da Idade Média e chega à ciência da Idade Média. Para Maffesoli, foi isto que conduziu a uma forma de devastação do mundo. Ele citou seu amigo o antropólogo Gilbert Durand, que evidencia a dominação de uma concepção esquizofrênica do mundo, sobre a qual todas as formas de interpretação da sociedade moderna repousam.
Maffesoli disponibilizou-se a responder perguntas. Sobre o papel da Comunicação em doutrinas como o nazismo e o comunismo, acredita que o desenvolvimento tecnológico sempre será usado para o bem e o mal, e essa é a natureza humana. “A primavera árabe vai terminar em inverno árabe”, refletiu. Para ele, não podemos impor nada e nem dizer o que é dominação e o que é liberdade.
Sobre as redes sociais, o sociólogo expôs, por meio de uma metáfora, que elas representam a socialidade. “A ponte representa a inclusão. A porta, a exclusão”. Assim funcionam as comunidades virtuais. Como as tribos, elas representam inclusão e exclusão, simultaneamente.
Ao fim da palestra, Maffesoli autografou algumas de suas obras que estavam à venda na Famecos. Ao todo, ele tem mais de dez livros traduzidos no país.Até o dia 23, o pensador ministra seminário sobre comunicação pós-moderna, organizado pelo Programa de Pós-Graduação da Famecos.