Na noite desta quarta-feira, 16, ocorreu a abertura do Seminário Internacional de Comunicação (SEICOM), promovido pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos), no auditório do Prédio 40 da PUCRS. Na mesa, estavam presentes o reitor da Universidade, Ir. Joaquim Clotet, a diretora da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), Mágda Cunha, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Juremir Machado da Silva, e o coordenador geral do evento, Carlos Gerbase. Os conferencistas franceses Jean-Bruno Renard e Georges Bertin discutiram o imaginário urbano, incluindo no debate o papel das novas tecnologias.
A professora Mágda agradeceu o esforço de todos os envolvidos na organização. O coordenador Gerbase, professor de Cinema, comparou o Seminário a um documentário. “Bom não é aquele que traz todas as respostas, mas sim o que sabe fazer perguntas”, disse. O reitor Clotet destacou que o SEICOM é uma reflexão partilhada por diferentes áreas, que reforça o entendimento do quadro complexo da comunicação midiática na atualidade.
Lembrando o centenário do visionário Marshall McLuhan, o mediador Juremir Machado abriu as apresentações da noite. O pesquisador Jean-Bruno Renard, professor da Universidade Paul-Valéry – Montpellier III, sustentou que é comum espalharem-se boatos logo após o início de um progresso. Em estudos de caso, ele constatou que há uma tendência de atribuir perigos às novas tecnologias. O autor citou alguns exemplos, como os discos voadores nazistas que aterrorizavam a população ou o videogame que provocava crises de epilepsia. Em continuidade, indicou também uma reportagem do New York Times, que em 1998 divulgava que a cura do câncer seria descoberta em dois anos, e disse que a publicidade propõe constantemente produtos miraculosos. “As narrativas contemporâneas urbanas surgem das lendas tradicionais. O técnico é o sucessor do mágico”, explicou.
Fazendo um paralelo entre a obra de McLuhan, de 1962, e a de François Rabelais, do Renascimento, o antropólogo Georges Bertin disse que ambos participaram de momentos de virada da civilização. Tanto o início da era digital quanto a ruptura da linguagem oral para a escrita originaram uma nova relação social e desestruturaram o imaginário. O pesquisador comparou a sociedade agrícola, a modernidade e a pós-modernidade, e concluiu que a valorização dos sentidos foi modificada. Enquanto a sociedade industrial valorizava a visão, hoje a digital é multisensorial. Bertin afirmou que, na nova era da comunicação, houve a fusão do espaço e das funções, e por isso temos a consciência acelerada e a necessidade de explicar tudo. “Estamos certamente muito no início de um novo começo”, sugeriu.