Nesta quarta feira (4), o Auditório da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) foi palco de uma discussão que completou 48 anos de história no mês passado, mas sem deixar de ser atual. A convite do Centro Acadêmico Arlindo Pasqualini (CAAP), o vereador Pedro Ruas e o jornalista e professor Juremir Machado da Silva expuseram algumas de suas opiniões, bem como alguns fatos ainda não esclarecidos sobre a época da Ditadura Militar no Brasil.
Logo no começo do debate, o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores de Porto Alegre aceitou o microfone e se pôs em pé para discursar. Ruas falou sobre a possível origem do golpe da ditadura através do repúdio do presidente João Goulart, em 1961, avisou sobre a “centenária tradição golpista das Forças Armadas brasileiras” e passou a ilustrar o horror das sessões de tortura da época, e acusou algumas empresas de auxiliar e custear o golpe militar.
Entre as histórias contadas pelo vereador, destaca-se o nome Boilesen, presidente da Ultragaz na época, que, alega Ruas, gostava de assistir às torturas, principalmente quando ocasionavam óbito dá vítima. Ressaltou que as mortes e desaparecimentos registrados na Argentina ainda ultrapassam os registros brasileiros, e lembrou que nossos vizinhos consideraram inconstitucional o perdão aos ex-ditadores. Ruas encerrou fazendo um apelo para que a verdade seja resgatada, e a justiça, feita.
Quando o professor Juremir Machado da Silva recebeu o microfone e começou a comentar, a abordagem mudou, mas manteve o mesmo tom: condenações à imprensa brasileira por acatar e até apoiar a ditadura. Juremir pediu que os jornalistas de hoje reavivem o assunto, que não deve ser esquecido. Atacou a forma de pensar de alguns que dizem que “a ditadura era tudo o que se podia fazer na época”, alegando que não haveria intenção de comunismo no governo de João Goulart, que era um fazendeiro rico e amante dos negócios.
“Jango era um reformista”, disse Juremir, defendendo que o presidente afastado tinha em pauta reformas necessárias para o progresso da nação na época. “Temos que reivindicar o radicalismo da sensatez”, brincou o professor, em crítica aos órgãos da imprensa gaúcha que se acomodam em demasiado na tentativa de evitar conflitos e incomodações, esquecendo de lutar pela verdade. “Democracia requer entropia. Quem exige silêncio e conformismo quer um cemitério, ou uma ditadura”, concluiu o professor.