A literatura e a universidade estão comemorando bodas de prata: em 2010; a Oficina de Criação Literária da PUCRS, ministrada pelo professor e escritor Luiz Antônio de Assis Brasil, completa 25 anos de atuação ininterrupta.
Criada em 1985, é a Oficina mais antiga do Brasil. Por ela já passaram nomes de grande prestígio na literatura nacional, como Letícia Wierschowski, Amilcar Bettega e Clarah Averbuck. O curso funciona no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS, embora seja possível que autores de outras áreas participem por meio de uma seleção de textos.
As aulas propiciam aos participantes um espaço para discussões a respeito do texto narrativo, da criação de personagens, das perspectivas do narrador e da linguagem literária. “O resultado obtido, expresso no número de ex-alunos que publicam livros aqui e no exterior, é o maior estímulo para prosseguir com o trabalho”, comenta o professor Assis Brasil. “Mas a oficina é apenas um dos elementos que o escritor agrega a sua formação, a qual passa por muita leitura, muita escritura, muito ler crítica literária em jornal e muito talento”, adverte ele.
Além do aniversário, o projeto lança o livro 40, que reúne contos de nove alunos de sua 40ª turma. Dentre os autores está Cláudio Mércio, professor de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS.
“Toda reportagem nada mais é do que contar uma boa história”, afirma Cláudio Mércio.
Com quatro contos publicados no novo livro da Oficina, o professor Mércio acredita que a literatura e o jornalismo têm muito a contribuir um com o outro. “Um comunicador aproveita muito uma oficina como essa”, diz ele. “O texto jornalístico bonito apresenta elementos literários”.
Cláudio acredita que o jornalismo diário da atualidade é pouco atrativo e carece de fatores que o tornem mais humano. “A descrição do espaço, por exemplo, muito presente na literatura, é desvalorizada no jornal”, explica. “Existe essa urgência de informar demais. Às vezes, acho melhor informar menos, mas com mais qualidade”.
Sobre a encruzilhada que se encontra o jornalismo impresso hoje, perdido ainda entre o papel e o monitor, Mércio pondera: “acho que talvez faltem boas histórias. Na busca de encontrar um novo caminho para a imprensa, a literatura pode ser uma saída”.
O professor aproveita também para aconselhar os estudantes de jornalismo a aproximarem-se mais dos grandes clássicos. “O aluno deve buscar bons textos, não apenas os técnicos. Afinal, na vida e na literatura, estamos contando sempre a mesma história”, reflete ele. “E às vezes, a ficção trata melhor dessas questões do que a própria realidade”.