Os jovens brasileiros estão preocupados com o fato de o mercado de trabalho estar mais seletivo devido à crise econômica. Com o aumento no número de pessoas procurando emprego, a exigência passa a ser ainda maior, e ingressar no ambiente profissional se torna uma tarefa complexa, ainda mais para quem está recém saindo da faculdade. Por isso, é natural que cresça entre os estudantes universitários o medo de se formar e não conseguir vaga. Como alternativa para essas dificuldades, os jovens ainda consideram prestar um concurso público, mas muitos pensam que sair do país, para buscar formação e experiência no Exterior, também pode ser um caminho. De acordo com a pesquisa O jovem brasileiro e o futuro do país, realizada pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência, da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, a maioria dos entrevistados considera o Canadá como a melhor opção de destino, se o objetivo diz respeito à qualidade de vida. Em função das oportunidades, 50,82% veem um futuro promissor no país da América do Norte. Se a prioridade for a área da educação, 47,18% elegem os Países Escandinavos como opção preferencial. Suíça, Alemanha e Uruguai também atraem os universitários.
À esquerda acima, Brenda Bandeira e ao lado, Luíza Feil. À direita embaixo, Mauriana Vieccilli. Ao lado, Eduarda Endler. (Fotos: Acervo pessoal)
Enquanto alguns jovens sentem vontade de sair do Brasil somente para realizar intercâmbios e conhecer novas culturas, outros desejam construir a carreira no Exterior. Eduarda Endler, estudante do 5˚ semestre de Jornalismo, pretende explorar a América Latina. Encantada pelo Peru e pelas civilizações que habitavam o continente, ela acredita que, antes de tudo, é necessário entender a realidade do próprio país e das nações próximas a ele, para, depois, desbravar horizontes distantes. Futura relações-públicas, Luíza Feil também não pretende deixar de maneira definitiva o país. Por ver no empreendedorismo a solução para enfrentar a atual crise econômica, visa abrir uma confeitaria ou brigaderia nos Estados Unidos, com tempo estipulado. “As taxas de impostos são mais justas, o estímulo à educação é grande e existe segurança”, justifica. Brenda Bandeira, aluna de Publicidade e Propaganda, não pensa da mesma forma. Com ambições pré-determinadas, a jovem crê que em Nova York, cidade mais populosa dos EUA, exista a possibilidade de ter uma grande agência publicitária. Embora queira, primeiro, ser reconhecida no Brasil, tem o sonho de morar fora do país e vivenciar uma nova realidade.
“É o momento de absorver experiências e entrar em contato com outros idiomas, requisitos fundamentais para o currículo de um bom profissional”, afirma Brenda.
Quanto à questão que envolve o mercado de trabalho, Mauriane Vieccilli diz ter medo de não conseguir emprego nem alcançar independência logo. Apesar disso, a estudante de Jornalismo acredita que a solução seja não se desesperar, além de ter calma e confiança no próprio trabalho. Eduarda tem um ponto de vista semelhante, e a crença de que basta ser bom naquilo que se faz para garantir um lugar ‘reservado’ no ambiente profissional. “Se tu não dá o teu máximo, tu não te realiza, tu não é o melhor. Então acho que, para conseguir atingir um bom futuro, é necessário começar do início, quando a gente tem que escolher o que fazer”, explica. Em relação ao futuro, todas se imaginam realizadas profissionalmente. Brenda espera trabalhar, em um período máximo de 10 anos, em uma agência no Exterior. Já Mauriane, Eduarda e Luíza preferem permanecer no Brasil, ainda que em estados diferentes do Rio Grande do Sul. Enquanto Mauriane pensa em seguir a carreira do jornalismo ligado ao soft news, Eduarda tem planos relacionados a veículos de comunicação e ao mestrado para, posteriormente, lecionar. Luíza não descarta a possibilidade de viajar para o Exterior, mas afirma que São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, têm tantas oportunidades quanto fora do país.
A pesquisa revela, ainda, que prepondera o desejo dos jovens de ingressar no ambiente profissional atuando como empregado em uma organização da iniciativa privada (56,18%). Consequência do boom do empreendedorismo, 48,18% visam adotar novos formatos de emprego, assim como a busca por funcionários com ambição. O estudo completo foi divulgado no Fantástico, dia 2 de outubro, e pode ser acessado pelo link.