Fleurdorge, Susca e Charles (canto direito) apresentaram suas teorias sobre o pensamento político de hoje (Foto: Heike Knebel/ Famecos/ PUCRS)
Na manhã desta quinta-feira (7), o auditório do prédio 40 da PUCRS foi o espaço escolhido para a troca de ideias entre os sociólogos Denis Fleurdorge e Vincenzo Susca e o filósofo Sébastien Charles no último dia do XII Seminário Internacional da Comunicação. Na conferência mediada pelo professor Antônio Hohlfeldt, os pensadores abordaram as relações entre a sociedade e a tecnologia.
Filósofo francês radicado no Canadá, Charles iniciou a conferência falando da modernidade radical. O pensador apresentou o caso da Primavera dos Bordos – um movimento de estudantes que se utilizaram das redes sociais para se articular-, no Quebec, para retratar o quanto a internet está moldando o pensamento e discurso político dos jovens. Para ele, os discursos utilizados na rede e toda a lógica virtual constroem um novo imaginário político na sociedade. “As redes sociais funcionam como uma forma de contestação do poder tradicional”, afirmou o pesquisador.
Traçou ainda um paralelo entre os jovens quebequenses e os brasileiros que reivindicaram gratuidade dos serviços públicos. “Ao cobrar soluções urgentes para os problemas se reproduz um ideal de Robin Hood na hipermodernidade”, disse.
Em seguida, Vincenzo Susca deu continuidade a discussão porém com outro viés. O italiano mostrou sua visão sobre as relações estabelecidas através da tecnologia. Na relação com o mundo, a tecnologia criou um fenômeno de desmaterialização. Para ele, esse paradigma de separação é uma atualização do projeto humanista, que gera uma dualidade entre as paisagens reais e midiáticas que transformam o público em uma espécie de ator de uma espetacularização da vida, onde a pessoa e sua obra se tornam iguais. “O amanhã foi substituído pelo instantâneo na perspectiva atual”, afirmou o conferencista. O pesquisador também defende que o ser humano se tornou refém dos meios eletrônicos. “A internet é a catástrofe do mundo”, exclamou o professor da Université Montpellier III.
Último palestrante, Denis Fleurdorge destacou a comunicação e a representação do homem na política. Segundo ele, “o homem político é uma simbolização do poder e do ser social”. Sua visão de que a política é um exercício da representação fez com que a investigasse desde os símbolos de poder até o poder da simbolização. Em sua argumentação, utilizou recursos de imagens como as pirâmides do Egito e a ponte de Oiapoque para salientar os aspectos do fazer político.