O Brasil enfrenta uma crise nas penitenciárias motivada por falta de infraestrutura, interesse e investimentos, o que resulta em superlotações e uso deliberado de drogas, entre outros delitos. O documentário Central, que estreou na quinta-feira (30), traz cenas inéditas de dentro do local e retrata a realidade da vida no maior presídio do Rio Grande do Sul, que já foi considerado o pior do Brasil durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário, em 2008. “É uma forma de mostrar a realidade do presídio para a sociedade como um todo”, diz o codiretor e roteirista Renato Dorneles.
Inspirado no livro Falange Gaúcha: o Presídio Central e a história do crime organizado no RS, de Renato Dorneles, o filme tem direção de Tatiana Saeger, ambos formados pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS. Além de atuar no longa como codiretor e roteirista, Dorneles é também repórter de segurança do Grupo RBS. Tatiana é sócia-diretora da Panda Filmes, realizadora da obra.
O filme traz o ponto de vista do presidiário que foi classificado pela mesma CPI como “a masmorra do século 21”. As galerias onde ficam os detentos não recebem acesso nem da guarda, por isso, com câmeras disponibilizadas pela equipe, os presos, através de uma negociação com os líderes das facções, mostram o trabalho e o controle que essas organizações criminosas exercem, e como vivem mais de 4 mil homens em um prédio feito para abrigar pouco menos de 2 mil. “Tudo no presídio se negocia com as lideranças”, revela Dorneles.
A escolha pelo Presídio Central não é recente. Dorneles e Saeger acompanham há cerca de 30 anos fatos e acontecimentos que geraram curiosidade nos dois, resultando não só em pesquisas e reportagens sobre o assunto, mas também no livro Falange Gaúcha, que, mais tarde, virou o curta metragem O Poder Entre as Grades, também com produção de Tatiana, que já tinha trocado a fotografia pelo cinema. A partir do curta, surgiu a ideia do documentário de longa-metragem que agora é exibido nos cinemas.
Central, além de um filme, é também um projeto social: Dorneles e Saeger têm como propósito apresentar para os menores infratores da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) a realidade do presídio para que, assim, quando completarem 18 anos, possam enxergar as consequências de viver ou não uma vida de crime.
“O documentário é uma contribuição escrita e audiovisual para a comunidade e cumpre a sua função social”, diz Dorneles. O jornalista acrescenta: “Usamos as habilidades que nós temos para prestar um serviço a sociedade (…) mostramos a realidade e as pessoas que avaliem e vejam se está correta ou não”. Dorneles ressalta também que o filme tem um caráter mais jornalístico que cinematográfico, o que reafirma sua missão como repórter.
Confira os horários e salas de exibição do documentário:
Espaço Itaú de Cinema – Bourbon Country: sala 8 – 20:20
GNC – Praia de Belas: sala 5 – 15:20 e 19:40
GNC – Moinhos: sala 1 – 15:40 e 19:50
GNC – Iguatemi: sala 1 – 15:35 e 19:50
O filme também conta com exibições em Caxias do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Classificação indicativa: 14 anos
TRAILER – CENTRAL from Panda Filmes on Vimeo.