Na última sexta-feira (13), a capital francesa sofreu atentados terroristas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI, também conhecido como ISIS). Ao menos cinco locais foram alvo de ataques simultâneos em Paris. Na casa de shows Bataclan, localizada no 11˚ distrito, atiradores abriram fogo contra o público que assistia ao show da banda Eagles of Death Metal, onde mais de 70 reféns foram mortos.
O professor da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS Jacques Wainberg, que realiza estudos em distintas áreas da Comunicação, como mídias, jornalismo, relações públicas e questões que envolvem as Ciências Sociais Aplicadas, analisou a tragédia. “Esse grupo (Estado Islâmico) tem uma visão totalitária, que significa uma expressão renovada do totalitarismo nazista, mas dentro do islamismo. Eu já havia previsto este ataque e creio que essa situação se prolongue por mais 30 anos”.
Ele acredita que esta é uma guerra assimétrica, em que pequenos grupos atacam alvos distintos. Sobre a cobertura da mídia, Wainberg cita que outros países também sofrem com atentados, e que os jornalistas são mais vulneráveis nessas situações. “A cobertura que se faz em Paris é uma cobertura urbana, com relativa segurança. Nós devemos nos preocupar com os jornalistas que estão cobrindo as guerras no Irã, no Iraque e na Síria, estes, sim, estão vivendo uma guerra aberta. A mídia sai correndo quando acontece algo dramático”. Para ele, neste momento, a imprensa se obriga a tratar desse episódio.
O professor comenta que a segurança pessoal é um dilema que sempre ocupa os encontros dos jornalistas e correspondentes internacionais. “Vários repórteres têm sido mortos em conflitos como estes. Há um questionamento recorrente de até onde avançar, pois o jornalismo internacional é inseguro, e o jornalista não deve ir até as últimas consequências”.
Após três anos de pesquisas aprofundadas sobre conflitos, grupos extremistas e guerras, Jacques está lançando o livro Revolucionários, Mártires e Terroristas: a utopia e suas consequências, pela Editora Paulus. Além disso, está elaborando mais dois textos sobre o assunto. ISIS e o Estado Islâmico: utopia e a mente delirante e Dilema Moral e a Fotografia. Segundo sua pesquisa, no Brasil, 41% da população são contra o bombardeio ao ISIS e, no mundo, 62% são a favor desse tipo de ação.