Estudantes e professores do PPGCOM participaram da palestra ministrada por Charles Melvin Ess (Foto: Natalia Lavratti)
Nessa terça-feira (1º), a Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS recebeu Charles Melvin Ess, professor da Universidade de Oslo, na Noruega, e pesquisador na área de ética e mídias digitais. Ele conversou com estudantes e professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) às 14h30min, na sala 303 (Arena). Ética no Mundo Digital foi o tema abordado no bate-papo, que lotou a Arena. O pesquisador ministrou a palestra em inglês, e os professores da Famecos Eduardo Pellanda, Roberto Tietzmann e André Pase foram os responsáveis pela tradução.
Cultura, tecnologia e comunicação, robôs, sexualidade e as artes de ser humano, perspectivas sobre privacidade e individualidade foram alguns dos temas propostos por Ess para a conversa. O professor Pellanda apresentou o pesquisador americano, que, com muito bom humor, provocou risadas no público. Com a escolha do tema Robôs, sexualidade e as artes de ser humano, Ess começou falando sobre o que o amor tem a ver com robôs e abordou a sexualidade. “Há anos, os filósofos questionam o que é ser humano, o que nos distingue”, afirmou. Ele mostrou uma imagem com dois sujeitos e questionou a plateia qual seria o robô.
Segundo o americano, esse grande convívio com robôs pode ser muito bom, mas, às vezes, pode ser questionável ou assustador. “Estamos muito cercados por isso”. Ele comentou as necessidades dos seres humanos e as emoções, que permitem nos distinguir das máquinas. “O que eu preciso para ser feliz? Quaisquer respostas em vários países podem ser amizades e virtudes”.
Ess disse que utilizar robôs no sexo é uma questão de escolha. “Vamos testar, vamos ver como uma maneira empírica”. Para ele, a virtude, a ética humana e o aprendizado são características humanas e que devem ser preservadas. O professor mostrou um panorama entre o que os humanos podem fazer e o que está ao alcance da inteligência artificial.
Apresentando alguns autores e conceitos, Ess falou sobre a phronesis (sabedoria prática), que é uma forma de reflexão com determinados julgamentos dedutivos e a virtude. Ele explicou que essa experiência prática e a omissão de diferentes opiniões e decisões são exclusivas do ser humano e que esse sentimento seria a intuição. “Isso é, provavelmente, algo que não podemos pedir que robôs façam. Essa ideia de ‘eu acredito no que o meu coração e a minha mente me dizem’ não é racional”.
Outro ponto importante ressaltado pelo americano é a autonomia, grande diferença entre humanos e máquinas. Como exemplo, citou a situação de quando se gosta de alguém. Normalmente, não se escolhe quem é a pessoa por quem sente-se algo, mas, com os robôs, tem-se essa autonomia de opção. Além disso, Ess salientou que o sexo por demanda é possível com um robô, mas que isso não é amor erótico. Ele aponta que uma das diferenças entre o sexo completo e o bom sexo é que o primeiro é apenas recíproco em termos de desejo, pois o robô não possui uma subjetividade.
Ess comentou que os indivíduos estão fascinados com o digital desde as últimas duas décadas. “A melhor surpresa de trabalhar nisso foi a questão do ser humano”, afirmou. O professor americano concluiu que os humanos são menos propensos a se tornar robôs, caso sigam a ética e as virtudes necessárias.