Palestra sobre séries. palestrantes: Vinicíus Mano, Sheron Neves, Vicente Moreno. Mediador: Roberto Tietzmann. Foto: Heike Knebel/Famecos/PUCRS
A série de televisão é um fenômeno mundial. Gradativamente, o público está substituindo a fidelização com o cinema para a narrativa seriada. Para explicar essa migração, Sheron Neves, Vicente Moreno e Vinícius Mano palestraram no seminário A Vida em Fatias – Conversas sobre Séries de Tv nesta segunda-feira (27), na Faculdade de Comunicação Social (Famecos), em evento que comemora os 10 anos Curso Superior de Tecnologia em Produção Audiovisual (TECCINE). O tema Breaking Bad, Mad Men e como chegamos lá abordou o panorama histórico-industrial em que a televisão está inserida, como gancho às séries propostas. A mesa foi coordenada pelo professor Roberto Tietzmann.
A palestra começou com Sheron mostrando um panorama geral de produção de séries para televisão e o papel fundamental da rede americana HBO. A evolução se iniciou com o surgimento da televisão a cabo, quando os canais passaram a produzir conteúdos para diferentes nichos de audiência. O objetivo era a segmentação. Com o surgimento de canais premium, que não tem publicidade e são sustentados pelos assinantes, como a HBO, há maior liberdade na produção e no conteúdo. “As séries assumem em seu enredo temas polêmicos, como sexo explícito, violência e poligamia”, afirmou Sheron. O salto de qualidade que a televisão sofreu evidencia-se nas características da Quality Television: realismo; temática controversa; pedigree; novos gêneros e subgêneros. O Hill Street Blues foi o marco inicial, na década de 80, com seus arcos (enredo) que duram uma temporada, tom melancólico e personagens complexos. “A narrativa não se encerrava dentro do episódio. Ele apresentou uma sofisticação sem precedentes na tv”, avaliou.
O cinema americano está em decadência narrativa. Com essa afirmação, Vicente Moreno iniciou sua fala sobre as razões do sucesso cada vez maior da televisão e da substituição da fidelidade que o público tinha com o cinema. “Hoje, esperamos o lançamento de um episódio de Breaking Bad como meu pai esperava para ir às quinta-feiras ver o novo filme do Western no cinema”, afirmou Moreno. Os longas-metragens, em média, duram 120 minutos, o que causa uma limitação no desenvolvimento dos personagens e enredo. Na série, o protagonista não precisa de uma introdução, o que é uma vantagem em relação à obra cinematográfica. “Breaking Bad é construído no que não é dito, ou seja, acabamos virando cúmplices do segredo de Walter White”, afirmou. Moreno ainda ressaltou que as séries mais curtas, produzidas por canais premiums, favorecem na qualidade do produto.
Mad Men foi o tema central da fala do professor da Famecos Vinícius Mano. A série é exaltada por não entregar uma fórmula pronta ao telespectador. Assim, a previsibilidade não ocorre. O orçamento da produção é um dos determinantes para a qualidade cinematográfica, requisito do briefing. Como exemplo, Mano mostrou uma cena em que foram gastos US$ 250 mil apenas na música. Ele ressaltou que Mad Men está atenta a sua borda, ou seja, cria produtos para seus fãs, como aplicativos de como fazer drinks e bonecos. A publicidade é uma parte muito importante, pois utiliza o recurso de marcas inseridas. “O produto está inserido na história, faz parte do enredo”, afirmou Mano.