“Lá chegando, podíamos ver cartazes e dizeres contra a mídia, contra o racismo e o sexismo, contra a ‘máfia dos transportes’, pela proteção dos animais e a preservação do meio-ambiente, além das esperadas reclamações contra a Fifa e a corrupção”. O trecho narrado pertence ao livro Vestígios da Copa, que realizou um estudo de inspiração etnográfica em Porto Alegre durante a Copa do Mundo de 2014. A obra, de autoria de Alysson Artuso, Gisele Eberspächer, Henrique Valle, Leandro França, Leonardo Campoy, Maira Marques e Uriel Moeller, estará à venda durante o 5º Congresso Internacional de Ciências Criminais, que acontece no Centro de Eventos da PUCRS, prédio 40, entre os dias 28 e 31 de outubro.
A publicação aborda por meio de fotos, hashtags e ensaios, as histórias e vestígios deixados por gaúchos, torcedores, policiais e manifestantes durante a Copa do Mundo na capital gaúcha. O resultado é fruto do trabalho interdisciplinar de sete pesquisadores, dentre eles um fotógrafo, uma jornalista, um estatístico, um antropólogo, um criminólogo, uma advogada e um jurista. O material relata e reflete sobre o que foi visto nas ruas de Porto Alegre durante a realização do evento.
Durante a Copa, havia grande expectativa por manifestações como as de junho de 2013. Por isso, os autores se prepararam para acompanhar como seria feita a segurança pública no período. “Foi bastante diferente do que esperávamos: o primeiro grande exercício de forças militares nas ruas brasileiras desde a Ditadura”, conta Artuso.
A obra merece atenção também por seu trabalho gráfico. De um lado da embalagem plástica, fotos em estilo polaroide que traçam um panorama do evento; do outro, um livreto em formato de bloco de anotações com o relato dos pesquisadores. “No projeto gráfico, a gente quis replicar nossos dias de pesquisa”, explica Artuso.
Segundo ele, os autores buscavam nas redes sociais hashtags sobre copa ou manifestações, e frequentavam lugares marcados com blocos de anotações e câmeras fotográficas. “Por isso a ideia de usar hashtags para identificar as fotos e nomear os capítulos do livreto”, diz.
A obra foi viabilizada pela plataforma de financiamento coletivo Catarse, em que mais de R$ 13 mil foram arrecadados com sua venda para 117 apoiadores durante os 40 dias de captação.