Domnique Wolton (França), Isabel Ferin (Portugal), Coordenador: Juremir Machado (Brasil) Foto: Heike Knebel
A globalização e as novas tecnologias foram alvos centrais das críticas dos pesquisadores Isabel Ferin, da Universidade de Coimbra, e Dominique Wolton, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. Eles dividiram, na tarde desta quarta-feira (17), a conferência Comunicação, tecnologia, identidade e sociedade, último painel do Seminário Cooperação e Internacionalização em Comunicação, que celebrou, durante dois dias, os 20 anos do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS.
Mediada pelo professor do PPGCOM Juremir Machado da Silva, a conferência começou com a professora portuguesa Isabel Ferin, que fez uma dura crítica à globalização, que segundo ela, está impondo restrições à pesquisa em comunicação em Portugal, em particular, e no Sul da Europa, em geral. “Isso acaba refletindo na produção e na distribuição dos nosso trabalhos, uma vez que a globalização tem reduzido os nossos objetos culturais de estudo”, disse Isabel, ao apresentar o painel Mídia e cultura no espaço lusófogo.
Todos os elementos constitutivos de cultura são objetos de estudo afetados pela globalização, de acordo com a professora portuguesa, como história, religião, arquitetura, língua, imprensa, literatura e mídia (cinema, música e telenovela) e até o futebol. “O espaço lusófogo não está restrito ao idioma. Trata-se de um estado mental partilhado por muitos objetos que se ocupam das questões culturais. Está ligado à diáspora, à herança política e à história”, explicou.
Com um tom um pouco mais acima do que sua colega de mesa, o francês Dominique Wolton bateu forte no que considera uma acomodação acadêmica diante das novas tecnologias e da internet. “O mundo todo se apoia nesta bobagem americana. O mundo acadêmico não se levanta contra as novas tecnologias. Silencia”, criticou. Ele lembrou que tem escrito sobre isso há algum tempo. No entanto, é apontado como velho e ultrapassado. “Na verdade, existe uma preguiça intelectual e uma submissão à internet”.
Para Wolton, um dos grandes problemas da rede mundial é a ausência de comunicação entre as pessoas. Para ele, as pessoas podem namorar pela internet, mas é preciso o encontro físico. “A comunicação é uma relação. Não adianta adorar a tecnologia, ser um excepcional internauta, estar permanentemente multiconectado e não ter tolerância, ser um racista e não amar ninguém”, analisou.
Confira como foi a primeira palestra do último dia do evento. Para mais imagens, acesse o flickr do Eu Sou Famecos.